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Silvestres

Cogumelos

Silvestres e de Produção

COGUMELOS SILVESTRES

Em Portugal, como no resto da Europa, a distribuição de macrofungos, i.e., cogumelos, está estreitamente relacionada com os diferentes tipos de habitat e povoamentos vegetais associados. Assim, é comum as tradições de colheita e consumo de cogumelos silvestres variarem ao longo do território português. Dos soutos e florestas de folhosas a norte, aos montados de sobro e azinho no sul, passando pelos pinhais do litoral centro, os cogumelos marcam sempre a sua presença.

Abaixo, poderá encontrar uma listagem com algumas das espécies de cogumelos silvestres comestíveis mais comuns em Portugal, segundo uma classificação morfológica definida no “Guia do Coletor de Cogumelos” (2013, DGADR e ICNF).

Nota: as informações disponibilizadas não constituem um meio seguro de identificação de cogumelos. Consulte um guia de colheita e rejeite quaisquer cogumelos que não conheça, sob risco de envenenamento ou intoxicação.

Cesto com cogumelos silvestres

Cogumelos com lâminas debaixo do chapéu / Agaricoides com lâminas

Agaricus campestris
Cacavinas ou Febras

Agaricus arvensis / Agaricus campestris / Agaricus bisporus

Saprófitos pratícolas, surgem em pastagens e clareiras de bosques durante a primavera e outono. Diâmetro de chapéu entre 5 e 15 cm, com carne branca e espessa, de sabor adocicado. Com pouco interesse comercial, procurado para auto-consumo.

Agrocybe aegerita
Repolgas ou Pilongos, Cogumelo dos Choupos

Agrocybe cylindracea / Agrocybe aegerita

Saprófitos, desenvolvem-se em cepos ou troncos mortos de choupos e salgueiros, típicamente em zonas ribeirinhas. Surgem ao longo do ano, em condições de humidade. Chapéu entre 5 e 15 cm, com carne compacta, branca/acastanhada, de sabor a avelã. Potencial para produção em tronco ou estilha de madeira dechoupo e salgueiro.

Amanita caesarea
Amanita dos Césares, Abesós ou Rebiós, Laranjinhas

Amanita cesarea

Montados e pastagens, sob coberto de azinho ou sobro; Soutos e Carvalhais abertos e soalheiros, solos ácidos. Espécie termófila, cogumelos surgem no final do verão e outono. Espécie muito procurada em jovem, deve ser tida em conta a manutenção de exemplares maduros para propagação de esporos.

Amanita ponderosa
Silarca, Pucarinha, Púcara da Primavera, Alegrias

Amanita ponderosa

Micorrízicos. Montados de sobro e azinho e estevais em solos argilosos. Frutifica entre fevereiro e março, podendo ainda surgir na primavera. É bastante apreciado e procurado nas regiões interiores do Alentejo e da Beira Baixa. Carne branca, com tons rosa ao corte. Odor a terra, forte e característico. Sabor adocicado. Pode ser confundido, em jovem, com outras espécies venenosas do género Amanita (Amanita phalloides, Amanita verna).

Lactarius deliciosus
Sanchas, Cardelas, Pinheiras

Lactarius deliciosus / Lactarius sanguifluus

Micorrízicos, associados exclusivamente a pinhais mediterrânicos, predominantemente em solos calcários. Surgem principalmente no outono. Comercialmente conhecidos como “lactários deliciosos” (L. deliciosus) ou “lactários-sanguíneos” (L. sanguifluus), revelam uma ótima comestibilidade. Ambas as espécies apresentam colorações alaranjadas na cutícula, com carne branca e espessa, sendo a espécie L. deliciosus de maiores dimensões, com chapéus atingindo os 20 cm de diâmetro (L. sanguifluus até aos 9 cm).

Macrolepiota procera
Capoas, Frades ou Púcaras

Macrolepiota procera

Saprófito cosmopolita, muito frequente em terrenos incultos e bordaduras de zonas florestais, em solos ricos em húmus. Em adulto, o chapéu apresenta-se plano-convexo, com a margem franjada, podendo atingir até 40 cm de diâmetro. No centro apresenta uma protuberância, um mamelão, de cor mais acinzentada por manutenção da cutícula, que se escama no resto do chapéu. De carne macia e adocicada, é apreciado de norte a sul do país.

Tricholoma equestre
Míscaro-amarelo, Tortulho

Tricholoma equestre

Com um amplo espectro ecológico, esta espécie pode ser encontrada tanto no litoral centro como nas serras beirãs e transmontanas, sempre em associação micorrízica a povoamentos de pinheiro, ocasionalmente pontuados de outras folhosas. Frutifica no outono. Apresenta um chapéu cónico/ convexo, de 5 a 12 cm de diâmetro, com cutícula espessa e viscosa de cor amarelo/acastanhado. Carne de consistência média, branca a amarela pálida, de sabor adocicado. O registo de vários casos de intoxicação associada ao consumo excessivo desta espécie em França, fizeram com que a comercialização da mesma fosse proibida em vários países europeus. No entanto, na longa tradição de recolha desta espécie em Portugal, não há registo de quaisquer incidentes, não havendo restrições ao seu comércio e consumo.

Tricholoma portentosum
Capuchinhas

Tricholoma portentosum

Espécie micorrízica, frequentemente associada à T. equestre em matas de coníferas (pinheiros e abetos) com solos ácidos. Frutificação tardia, de outono/ inverno. Apresenta um chapéu convexo e ondulado, com até 12 cm de diâmetro, de cutícula espessa de tons acinzentados, com fibrilas radiais escuras. Carne espessa, branca e de sabor suave a farinha.

Tricholoma terreum
Cinzentinho, Míscaro-cinzento

Tricholoma terreum

Micorrízico associado a pinhais, ou sob folhosas, em solos calcários ou arenosos. Frutificação de outono/ inverno em grupos numerosos por entre a folhada. Chapéu convexo a aplanado, com mamelão central e de margem delgada e ondulada. Cutícula espessa, seca e acinzentada, algo felpuda. Carne frágil, pouco espessa, branca – acinzentada. Sabor suave.

Pleurotus ostreatus
Repolgas, Cogumelos-Ostra

Pleurotus ostreatus

Saprófito lenhícola, desenvolve-se em troncos mortos e cepos de folhosas (faias, choupos, salgueiros e ulmeiros), em zonas húmidas. Pode também ocorrer como parasita, em árvores senescentes. Frutifica abundantemente no outono e inverno. Frutificações apresentam-se sob a forma característica de leques ou espátulas, com margem delgada, podendo alguns exemplares atingir os 30 cm de largura. Coloração variável, geralmente castanho-acinzentado, com lâminas creme claras. Carne branca, compacta, de sabor adocicado.

Cogumelos com pregas por baixo do chapéu / Cantarelos e Craterelos

Cantharellus cibarius
Cantarelas, Sanchas, Rapazinhos

Cantharellus cibarius

Espécie micorrízica, cosmopolita, associada a povoamentos de folhosas, montados, ou terrenos incultos com estevas. Surgem na primavera e no outono, geralmente em grandes grupos, sendo a espécie mais recolhida nas serras algarvias. Apresentam um chapéu aplanado, de margem ondulada e ligeiramente deprimido ao centro, com cutícula de um amarelo mais ou menos intenso, conforme o substrato em que se desenvolvem. Carne branca, rija, de sabor doce, com um travo apimentado ou amargo que desaparece após cozinhado. De excelente comestibilidade e interesse comercial.

Craterellus cornucopioides
Trombeta Negra, Trombeta da Morte

Craterellus cornucopioides

Saprófito, ocorre em solos argilosos e calcários, associado a povoamentos mistos de folhosas e pinheiros, sobreiros, castanheiros e faias. Frutifica abundantemente no outono. Chapéu em forma característica de trombeta, sem diferença marcada entre o chapéu e o pé, afunilado no centro e com margens enrolada e ondulada. Cutícula enrugada e escamosa, de coloração variável entre o castanho-escuro em tempo seco e o negro-acinzentado em tempo húmido. Carne fibrosa, delgada e cartilaginosa, de sabor doce e aromático, beneficia em aroma e sabor com a secagem e reidratação.

Cogumelos com poros por baixo do chapéu / Boletos

Boletos, Cepes ou Tortulhos

Boletus edulis / B. aereus / B. pinophillus / B. badius / B. reticulatus

Conjunto de espécies cosmopolitas, micorrízicas, associadas a povoamentos de folhosas (B. reticulatus, B. aereus), montados de sobro e azinho (B. edulis), e pinhais (B. pinophillus, B. badius). De chapéus convexos-aplanados entre os 5 e os 25 cm, com coloração em tons de castanho rosado ao castanho-escuro. Carne espessa e esponjosa, de cor branca e sabores adocicados de frutos secos. Quando jovens, todas as espécies podem ser laminadas e consumidas cruas.

Boletus edulis
Boletus aereus
Boletus pinophillus
Boletus reticulatus

Cogumelos com agulhões por baixo do chapéu / Hidnos

Hydnum repandum
Carneirinhas, Gasalhos ou Raivacas

Hydnum repandum / Hydnum rufescens

Duas espécies normalmente confundidas e, tradicionalmente, sem distinção. Fungos micorrízicos associados tanto a povoamentos de folhosas como de coníferas, principalmente em solos ácidos. Chapéu convexo de contorno irregular, com margem muito ondulada, de cor creme amarelado, ou ocre pálido, entre os 3 e os 10 cm de diâmetro. Carne rija e quebradiça, branca, de odor a flor de laranjeira e sabor adocicado. Frutificam no outono, com relativa abundância nos locais onde ocorrem.

Cogumelos com chapéu alveolado / Morquelas

Morchela esculenta
Pantorras e Belfuradas

Morchella elata / Morchella esculenta

As Morquelas, popularmente conhecidas como Pantorras ou Belfuradas, pertencem a um grupo de fungos distinto do das restantes espécies descritas (que apresentam chapéu com himénio na face inferior). A Morquela apresenta o himénio, superfície fértil onde são produzidos os esporos, no interior dos alvéolos que revestem o chapéu. Ocorrem várias espécies de Morquelas no nosso país, sendo a sua distinção algo difícil. No entanto, todas são comestíveis após cozedura.

São fungos saprófitos, que frutificam na primavera, em prados e clareiras, bem como em povoamentos pouco densos de folhosas e coníferas. Preferem solos húmidos e ricos em húmus. M. elata apresenta um chapéu oblongo, quase cilíndrico, oco, com aspeto de favos de colmeia, de 10 cm de altura por 5 cm de diâmetro. Carne branca, de espessura média e sabor doce. M. esculenta apresenta um chapéu mais arredondado, com grandes alvéolos irregulares, de cor castanha-amarelada, até aos 6cm de diâmetro máximo. Carne branca, cartilaginosa, de sabor suave e doce.

Referências

  • Bastidas, M.J., Machado, H. (2012) Cogumelos Com Interesse Económico no Baixo Alentejo. ADPM

  • Baptista-Ferreira, J. et al (2013) Guia do Colector de Cogumelos – para os cogumelos silvestres comestíveis com interesse comercial em Portugal. DGADR

  • Boa, E. (2005) Los hongos silvestres comestibles – Perspectiva global de su uso e importância para la población. PRODUCTOS FORESTALES NO MADEREROS 17. FAO

  • DGADR, ICNF (2013) Manual de Boas Práticas de Colheita e Consumo de Cogumelos Silvestres. DGADR

  • Pereira, E., Barros, L., Martins, A., Ferreira, I.C.F.R. (2011) Towards chemical and nutritional inventory of Portuguese wild edible mushrooms in different habitats. Food Chemistry 130 (2012) 394–403

  • Pérez-Moreno, J., Guerin-Laguette, A., Arzú, R., Yu, F. (2020) Mushrooms, Humans and Nature in a Changing World. Springer

  • Sanchéz Rodríguez, J.A. et al (2004) Los Hongos, Manual y Guía Didáctica de Micología. IRMA

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